Década de 30. Surge uma nova droga nos EUA, a marijuana. Pouco tempo depois surge um filme com o objetivo de impedir o avanço da substância. Com o nome de Reefer Madness, ele conta a trágica história de um casal, que caiu em desgraça graças ao uso desregrado da erva. O exagero e o melodrama são usados como estratégias para apavorar os pais da época (o título alternativo era Tell Your Childrem!). Até hoje existe mistério sobre quem patrocinou o filme. Uns dizem que foi a Igreja. Já outros atribuem o título ao magnata do jornalismo William Randolph Hearst (aka Cidadão Kane).
Como era de se esperar, a produção caiu no esquecimento. Na década de 70, o filme foi redescoberto e passou a ser exibido nas famosas sessões da meia-noite, espaço dedicado à filmes cult e/ou camp. (naquela época, o exagero da propaganda anti-maconha de Reefer já saltava aos olhos).
Chegando aos dias de hoje: uma versão teatral do filme fez sucesso na off-Broadway. A peça, um musical, faz piada em cima do absurdo de sua fonte. Com o sucesso, uma versão em forma de filme era questão de tempo. Ela saiu do papel e foi ao ar pelo Showtime (que também é a emissora de Huff e Weeds, o que garante o título informal de canal mais chapado dos EUA) em 2005.
Assim como o original, o filme é sobre a trágica história de Jimmy Harper e Mary. Aproveitando-se do material, o musical investe pesado na ironia, como na seqüência em que o narrador do filme (Alan Cumming) discute com um pai preocupado (a trama do casal é um filme-dentro-do-filme) sobre como a “Maconha é a droga mais perigosa de todas! Mais até do que a heroína!”. Ou as diversas ocasiões em que William Hearst é citado (“Os dados foram obtidos através de fontes confiáveis: os jornais do Sr. Hearst!”). Diversos personagens, incluindo o presidente Franklin Roosevelt (Cumming, novamente) aparecem fumando cigarros comuns, como se não fosse nada demais.
Todas as atuações devem ser colocadas dentro do contexto do filme. Caricatas e exageradas. Christian Campbell interpreta Jim Harper da forma mais sonhadora possível. Já Kristen Bell vive uma personagem que é quase uma antítese de sua Veronica Mars: ingênua e fútil. O filme ainda contém outros personagens como o traficante de Steven Weber ou o junkie (divertidíssimo) de John Kassir. O filme ainda tem a presença de Jesus. Mas não vou falar demais senão estraga a surpresa de quem ainda não assistiu...
As músicas são, em sua maioria, deliciosas. Por falar nisso, alguém sabia que Kristen Bell tem um Emmy? Na verdade é um prêmio de melhor canção, cujo premiado é o compositor da canção (“Mary Jane/Mary Lane”). Mas é ela que canta no filme. Ou seja, não custa sonhar, né?
A direção de Andy Fickman (que também dirigiu a peça) é correta. Seu momento de maior criatividade é o número inicial, que simula um filme de zumbis. Mas o trabalho de Fickman peca num ponto fundamental: ele não faz questão nenhuma de esconder qual é a origem do filme. A câmera está sempre na platéia, ao invés de passear pelo cenário (comparem com Moulin Rouge e verão a difirença).
Apesar de acabar um pouco depois do que deveria (toda àquela seqüência de redenção de certos personagens deve funcionar muito melhor no teatro do que aqui), Reefer Madness funciona muito bem como sátira e como musical. Ah, a voz de Kristen Bell...
5 comentários:
Ei, esse filme está disponível nas locadoras?
Parece ser muito engraçado e irônico!
Não chegou ainda. E nem sei se vai chegar. Uma pena. Mas é pra isso que existe a internet. :)
Acabei de ver o filme, bem legal mesmo, caramba como a Kristen é maravilhosa, até assusta. Só fiquei me perguntando se aquela realmente é a voz dela.
É sim.
Legal seu blog Cavalca! Assim que ficar prondo a parade de links do meu vou linkar!!! Valeu pela dica lá, já arrumei! Falow!!
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